Quando eu comento com as pessoas que faço curso de LIBRAS, com frequência elas me fazem as seguintes indagações “o que é LIBRAS?”, “por que você faz esse curso?”, “tem alguém Surdo na sua família?”…

Então, para começar…

 

O que significa LIBRAS?

 

LIBRAS é a sigla de Língua Brasileira de Sinais, é a língua utilizada pelos Surdos para se comunicarem (não é apenas uma linguagem de gestos como muitas pessoas consideram). É uma língua com suas regras e estruturas gramaticais próprias.

 

Minha trajetória de aprendizado

 

Gostaria de compartilhar com vocês sobre a minha história com a LIBRAS. Me recordo que desde criança, ao observar os Surdos conversando eu me fascinava, parecia algo que me hipnotizava. As conversas entre os Surdos me deixavam extremamente curiosa, mas essa curiosidade ia muito além de saber o que estava sendo dito, eu queria saber como era se comunicar fora do mundo dos sons. Porém, não tive nenhum contato com a LIBRAS ou com Surdos na infância.

 

Após começar a faculdade de psicologia, comecei a me indagar sobre como era a psicoterapia para um Surdo. Em algumas pesquisas, vi que quando eles realizavam consultas com médicos, por exemplo, precisavam de alguém para interpretá-los. Mas, como fazer o processo terapêutico com um intérprete? Então, comecei a procurar psicólogos que sabiam LIBRAS e descobri que estes profissionais são bem escassos.

 

Após concluir a faculdade, comecei a buscar cursos de LIBRAS para aprender e começar a atender os Surdos. Porém, até por não ter nenhum conhecimento da língua, achei que poderia aprender em 6 meses, já que tinha visto algumas aulas no youtube e aprendido alguns sinais. Achei que seria fácil, mas me enganei!

 

Me matriculei no curso de LIBRAS na DERDIC/PUC-SP. No primeiro dia de aula levei um susto enorme! Eu já sabia que os professores eram Surdos, mas achava que teríamos intérpretes nas aulas e que seria tranquilo. Quando percebi que seríamos apenas nós e o professor, meu coração gelou.

 

Principais Insights sobre o aprendizado de LIBRAS

 

Já nas primeiras aulas comecei a perceber a importância de não ter intérprete e o quanto isso facilitava para aprender os sinais, mas confesso que mesmo assim queria intérprete nas aulas. Compreendi também que aprender LIBRAS estava muito além de fazer expressões faciais, aprender os sinais e a estrutura da língua. Entendi que aprender LIBRAS era entender que ser Surdo não era apenas não escutar (como eu achava até aquele momento), mas que é também uma identidade.

 

Comecei a entender algumas lutas da comunidade surda, compreender que algumas convenções da cultura ouvinte não faziam sentido para os Surdos e passei a entrar um pouco nesse universo. Hoje posso dizer que quanto mais eu me envolvo, mais me apaixono!

 

Por outro lado, quanto mais envolvida eu me encontro com este universo fascinante, mais indignada eu fico com a falta de acessibilidade, com a falta de LIBRAS nas escolas regulares e com o esquecimento da Língua Brasileira de Sinais pelos governantes que não permitem que a população em geral conheça mais sobre essa língua, que é a segunda língua oficial do Brasil.

 

Hoje percebo o quanto ela é importante para o Surdo e o quanto a falta de contato com essa língua causa prejuízo para as crianças Surdas que crescem em uma família ouvinte sem o contato com a LIBRAS. Sei que os Surdos lutaram muito pelo reconhecimento da Língua Brasileira de Sinais e que esta luta não terminou. Mas, também sei que quanto mais pessoas apoiarem esta causa, maior será o sucesso!

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Mariana Santos
Psicóloga Clinica Winnicotiana e Neurocoach
Formação em LIBRAS pela DEDIC/PUC
CRP 06/126116
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